Nem sempre eu estive bem acompanhada. Não porque a outra pessoa fosse errada ou ruim, algumas vezes era só porque não era pra ser. Entendo muito bem a falta que faz uma boa companhia. Sou uma pessoa otimista, porém realista. Acho que tem muita gente boa nesse mundo, mas sei que nem todas as pessoas são boas. Talvez sejam boas de coração, mas não pra participar da sua vida. Se pararmos pra pensar, era pra ser fácil, mas a verdade é que encontrar alguém pra dividir a sua história pode ser bastante complicado. Todo mundo encontra? Não. Por que? Erro na procura? Falta de oportunidade? Caminhos que não se cruzam? Olhos que não se enxergam? 

No entanto, uma coisa eu acho fácil de entender: se forem usados sempre os mesmo critérios de busca que não deram certo até agora, você vai continuar encontrando pessoas parecidas e talvez seja hora de mudar alguma coisa para dar oportunidade para uma pessoa diferente chegar. Depois de alguns anos, ficamos mais “certos” do que queremos e menos flexíveis, até porque vamos acumulando experiências que nem sempre deixam saudades. Mas, por que não aceitar conhecer alguém que usa um perfume diferente daquele que você gosta (ou que não usa perfume nenhum)? Por que não sair com aquela pessoa com a cor de cabelo, carreira ou até mesmo peso diferente do seu padrão? Também sei o quão cansativo é conhecer um monte de gente e não se identificar com ninguém. Ou ninguém se identificar com a gente. Mas acho que não devemos fechar nenhumas portas nessa vida, porque ela já é muito curta mesmo quando aproveitamos todos os minutos.

Por outro lado, por que gastar tempo e energia com pessoas das quais você não gosta ou que gostaria que mudassem isso ou aquilo, na esperança de que, com o tempo, vocês se “adaptem um ao outro” e as coisas “melhorem”? Seria isso justo? Ou seria melhor abrir a sua casa para alguém que tenha as suas imperfeições, imperfeições essas que você não vai fazer questão de consertar ou de fingir que não vê? Porque você também tem as suas, só que já está acostumado com elas (ou nem as encara como imperfeições). 

Queria ter o poder de fazer todo mundo feliz, pelo menos as pessoas de quem eu gosto. Alguns estão à procura da sua companhia ideal, outros perderam uma companhia de longa jornada e estão um pouco perdidos, mais uns outros tantos preferiram se agarrar a outra pessoa com quem não são assim tão felizes, mas... melhor do que estar sozinho. Estar sozinho pode ser e geralmente é muito mais completo do que ter alguém que não combina com a gente. Mas sei que, para a maioria de nós, não é o ideal. O ideal mesmo é ter alguém para dar um abraço apertado, chutar sem querer durante a noite, sair junto para ir àquele restaurante do qual ambos gostam, planejar aquela viagem gostosa a dois. Então busquem isso. Mentalizem isso. Façam diferente, tentem. De coração aberto. Não temos nada a perder, pois já somos completos. E certamente não é preciso cortar pedaços de si próprio para fazer o outro encaixar melhor. Não procurem alguém de quem precisem, seja pelo motivo que for (mesmo que seja, como sempre escutei muito, para “ser feliz”); procurem alguém que faça o seu coração bater mais forte e ao mesmo tempo mais calmo na hora do almoço, de gratidão por ter acordado de manhã ao seu lado e de saber que vão se encontrar de novo em casa depois do trabalho. Uma pessoa que ao mesmo tempo em que você reclama em silêncio porque não trocou o pneu do carro, não lavou a louça, não fez compras ou não pegou a correspondência, o seu coração se encha de felicidade por simplesmente existir. Sem garantias. Sem promessas. Sem cobranças, especialmente com si mesmo. Só cumplicidade, respeito e muito carinho. Assim damos o melhor de nós e estaremos mais preparados para aceitar o melhor do outro. E enquanto esse outro não chega, vivam como se já fizesse parte da sua vida. Assim, quando essa pessoa perfeitamente imperfeita chegar, será como se você só estivesse esperando ela voltar da cozinha com aquele pote de sorvete pra vocês poderem começar a ver o filme juntos. Eterno e feliz enquanto durar.